Alguns estudos buscam entender melhor a relação entre a infecção por COVID-19 e a presença de doenças crônicas como fatores de risco para formas mais graves da infecção. Muitos pacientes que tiveram complicações tinham um histórico de diabetes ou hipertensão.
E a obesidade, seria também um fator de risco? O The Lancet Infectious Diseases publicou um artigo sobre essa associação em um hospital da China.
O estudo contou com a participação de 383 pacientes, entre os quais 123 (32%) apresentavam sobrepeso e 41 (10,7%) eram obesos. Após ajuste para variáveis como idade, sexo, comorbidades prévias e dias de hospitalização, a análise estatística demonstrou que indivíduos com IMC > 28 kg/m2 tinham 4,4 x mais chance de evoluir com pneumonia, correlacionando esta complicação de forma linear com o nível de IMC (metade dos homens obesos apresentaram formas severas de pneumonia). Uma série de hipóteses podem explicar estes achados: presença de apneia obstrutiva do sono, menor capacidade ventilatória pulmonar (déficit ventilação/perfusão) e uma pior resposta imunológica (expressão de citocinas pró-inflamatórias) nos indivíduos obesos expostos à COVID-19.
Apesar de algumas limitações (tamanho da amostra, não avaliou presença de tabagismo, predominância de homens no grupo de obesos), o estudo já aponta uma correlação importante da obesidade, doença de proporções epidêmicas especialmente nos países ocidentais, com uma pior evolução nas infecções por COVID-19. Aos médicos, recomenda-se um maior nível de atenção e manejo cuidadoso dos indivíduos obesos. Aos pacientes, fica a mensagem de intensificar os cuidados e medidas de distanciamento social para evitar a infecção.
O artigo completo pode ser conferido na Lancet Infectious Disease (https://ssrn.com/abstract=3556658).