Transgênero no Esporte

Tema sempre palpitante e polêmico, a participação do transgênero no esporte tem sido debate de diversas reportagens na mídia e discussões em congressos médicos e de outras especialidades.

Em abril, nossa vice-diretora da ASSEP e coordenadora do Ambulatório de Disforia de Gênero do IEDE, Dra. Karen de Marca, esteve no Simpósio Integrado de Endocrinologia e Exercício (SIEEX) falando sobre o assunto.

Artigo*

O que sabemos até o presente momento

O hormônio testosterona é responsável, durante a puberdade, pela diferença entre homens e mulheres em relação ao desenvolvimento da massa muscular, maior concentração de hemoglobina, maior previsão de altura (o que realmente confere uma vantagem) e maior rendimento físico quando comparado às mulheres.

Mas, e no caso das mulheres trans? Como a terapia hormonal, baseada no uso de antiandrógenos e estrógenos, poderia interferir nesta performance? Em quanto tempo uma mulher trans já poderia competir em condições de equidade com mulheres cisgêneras. O nível de testosterona seria o único fator responsável pela determinação da participação dos trans nas competições?

Sabemos que não existe uma relação direta entre os níveis de testosterona e performance atlética.

A International Association of Athletics Federations (IAAF) determinou como critério de elegibilidade para participação da mulher trans ser reconhecida legalmente no gênero feminino é ter níveis de testosterona abaixo de 144ng/dL. Já o Comitê Olímpico Internacional definiu como ter o gênero feminino legalmente, estar em terapia hormonal cruzada por pelo menos um ano e ter níveis de testosterona abaixo de 288 ng/dL.

A discussão está longe de terminar, precisamos de mais estudos com a população trans e, sobretudo, com atletas transgênero.

*Dra. Karen De Marca, vice-presidente da ASSEP-IEDE 2019-2020

Referências Bibliográficas do texto:

– sport and transgender people: a systematic review of literature relating to sport participation and competitive sport policies. Jones BA et al. Sports Med 2017 47: 701-716
– Biological sex, gender and public policy. Van Anders S.M. policy insights from the behavioral and brain sciences 2017, vol 4 (2) 194-201.
– circulating testosterone as the hormonal basis of sex differences in athletic performance. Handelsman DJ. Endocrine Reviews 2018